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De Onde Nascem as Emoções
De Onde Nascem as Emoções

DE ONDE NASCEM AS EMOÇÕES

                                                                                                                                                  Autora: Fabiana Fleury Curado

              Outro dia, em uma conversa com um cardiologista, ele me relatou um caso de um paciente que há algum tempo busca ajuda médica para solucionar algumas sensações físicas desconfortáveis. O cardiologista me relatou que os resultados apresentados nos exames não poderiam provocar aquelas sensações descritas pelo paciente. No ponto de vista dele, o paciente estaria vivendo situações complicadas na vida e com isso seu organismo estaria se “sentindo” prejudicado; ele estaria sentindo algo que não sabia o que é, mas sentia em seu corpo, atribuindo isso a um problema no coração.

               Em minha prática clínica na psicologia as principais queixas são sobre os sentimentos: tristeza, euforia, medo, raiva em suas diversas intensidades. Essas pessoas chegam lá afirmando que não controlam suas emoções, que elas mesmas são culpadas pelo que lhes vêm acontecendo e que nada, além delas mesmas, são as culpadas por seu comportamento. Falam, ainda, que sentem aquelas coisas do nada e não conseguem controlar. Algumas vezes aqueles sentimentos são tão incontroláveis que acabam achando que o único jeito de resolvê-los é pondo fim à vida. O que percebo é que os sentimentos e as emoções muitas vezes são vistas como algo que tomam conta de nós porque permitimos, porque não temos a força de vontade de combater aqueles sentimentos e por isso somos os únicos culpados.

             Infelizmente, ainda está muito impregnada em nossa formação uma separação entre o que seria psicológico, as emoções, e, portanto, interno e o que seria do físico, e por tanto, causado por algo externo. É comum escutar nas consultas com familiares de clientes: “do nada ele ficou emburrado” ou “ela não quer fazer as coisas, é preguiçosa mesmo”. Como se as emoções brotassem por puro capricho ou pelo destino.

           Mas, quando escuto frases assim faço questão de esclarecer de onde vêm as emoções e o que são elas. Alguns teóricos e estudiosos do comportamento humano e animal esclarecem que a emoção é um importante mecanismo fisiológico de sobrevivência da espécie, da vida. Um animal diante de seu predador rapidamente muda seu comportamento; ou ele se esconde, ou corre. Outro fenômeno que pode ser percebido nesse caso é uma mudança nos processos fisiológicos como aumento do batimento cardíaco e liberações de alguns hormônios. Ao percebermos esses dois tipos de mudanças descritas provavelmente falaríamos que o animal ficou com medo e fugiu. Essa emoção como se pode perceber surge da relação desse animal com seu meio. Conosco não é muito diferente! As emoções surgem da nossa relação com o nosso meio, com as coisas e pessoas que convivemos e não do nada.

        Olha como é fácil compreender: ao vermos uma criança batendo em outra poderíamos perguntar “porque fez isso”? Ela provavelmente responderá; “porque fiquei com raiva”. Então perguntamos e por que ficou com raiva? “Porque ele tomou meu carrinho”. Ou ainda, alguém que não fala em público de forma alguma e você pergunta: “por que não fala em público?” Ela provavelmente vai responder “porque tenho medo”. E esse medo? Sempre teve medo de falar em público? Possivelmente, quando escutamos sua história de vida descobre-se que em algum momento ela foi repreendida por falar alguma coisa errada ou que viu alguém sendo corrigido diante de um público e que ao ter que apresentar para esse mesmo público seu corpo se prepara ou pra defender ou atacar, ou seja, reações fisiológicas são percebidas e relatadas a saber: sudorese, aumento dos batimentos cardíacos, embrulho no estômago. Ou ainda, quando lembramo-nos de um ente querido, não relatamos tristeza? Um aperto no peito? Essa tristeza não veio do nada, veio da lembrança, de pensar na pessoa, antes disso você não estava assim.

        Você pode me dizer: Ok! Entendi que o que sinto são reações do meu corpo fruto de alguma situação na minha vida, que pode ser, também, uma lembrança ou pensamento. Mas como modificá-la? Com certeza agir da mesma maneira que sempre age não resolve ou vai resolver. Elas não mudam pro capricho, lembra? Um terapeuta pode te ajudar nisso. Ele pode com você identificar o que é sentido, quando sente isso, desde quando e o que funcionou e não na tentativa de mudança. Pode, também, fazer sessões de relaxamento para que se imagine na situação de emoção incontrolável com exercícios que busquem sensações opostas àquelas que se sente, não tem como sentir medo e relaxamento ao mesmo tempo não é!? Pode também, treinar com você novas formas de agir nas situações que lhe causam emoções ruins e também, pequenas aproximações, com você, dessas situações para que aos poucos haja novas experiências e assim mude os sentimentos. Ânimo, os sentimentos podem ser modificados, sim.